FEIRA DO LIVRO DE LEIPZIG

Mathias Enard vence o prémio da Feira do Livro de Leipzig

Depois de em 2015 ter sido o vencedor do prémio Goncourt – o mais importante da literatura francesa - com o livro Bússola Mathias Enard volta a ver a sua última obra galardoada, desta vez com o prémio da Feira do Livro de Leipzig, a segunda maior exibição da indústria do livro na Alemanha, a seguir à feira de Frankfurt.

O prémio da Feira do Livro de Leipzig, criado em 1994, tem como principal objectivo distinguir obras que compreendam a diversidade de culturas existentes na  Europa . De acordo com o júri, Bússola foi galardoado pelo seu foco na herança cultural partilhada entre a Europa e a Médio Oriente.

Narrada por Franz Ritter, um musicólogo catedrático, a obra é dedicada aos sírios assolados pela guerra e pelo êxodo e sugere a necessidade de abertura das fronteiras da Europa, numa altura em que o populismo anti-imigração tem vindo a crescer.

O escritor Mathias Enard, cujo livro Bússola foi publicado em agosto do ano passado pela Dom Quixote, participou no Festival Internacional da Cultura 2016, onde se juntou a Ana Margarida de Carvalho, Maria Manuel Viana e Nuno Camarneiro, para um debate em torno da seguinte questão: A literatura pode mudar o mundo?. 

Neste evento, Mathias Enard sublinhou o poder unificador da literatura:
“Se ainda podemos ler Homero é porque o mundo não se transformou assim tanto, o sofrimento do ser humano é o mesmo. A pergunta de Aquiles: «Sais da tua tenda ou não?»  é a mesma. Precisamente porque o sofrimento e o lugar do ser humano no mundo não se transformou e é por isso que podemos continuar a ler literatura tão antiga. A ciência e a técnica mudam, mas a literatura não. Vamos ver uma peça de Shakespeare e choramos, isso significa que somos os mesmos. 

A mim o que me interessa é o poder da literatura. O vínculo que ela provoca nas pessoas e entre mundos e idiomas distintos. A literatura é uma forma de transformar o mundo, não no futuro, mas no presente. Através dela posso ter uma visão mais profunda, mas próxima do que a minha visão imediata.”

Veja o debate na íntegra aqui.

 
 
 

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